“Homenagem a Haroun Tazieff”
Técnica: Tierras
100x100 cm
2.000,00 €
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“Bailarino de Pedre”
Técnica: Tierras
100x100 cm
2.000,00 €
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Na cidade catalã de Barcelona, a 19 de Janeiro de 1934, nasce Francisco Lezcano Lezcano.
A repetição do apelido provém da
afinidade de sangue se seus pais: Ricardo Lezcano Fernandez e Carmen Lezcano
Guarinos.
Três anos mais tarde, a família
transfere-se para Las Palmas, nas ilhas Canárias.
Decorre o período trágico da
eclosão da guerra civil em Espanha e o prelúdio dramático da II Guerra Mundial.
Em contacto com as ilhas, o
misterioso sortilégio da paisagem e o exuberante colorido das suas gentes, a
criança cedo revela uma vocação inata para o desenho e, logo nos primeiros
tempos da escola, a pedido dos companheiros de turna e de folguedo, traça
«comics» imaginativos num prodígio de linha e se sombra. Os pinguins e as
formigas são personagens da sua predileção, executadas com um estilo
surpreendente, capacidade de síntese e abstracção.
Na Escola de Artes Plásticas Luján
Pérez, da qual nunca foi aluno mas visitante assíduo numa perspectiva de
encontro com outros artistas e promoção de actividades culturais, trabalha na
investigação de novos materiais para a realização das suas obras.
Em oposição permanente com as
estritas normas do regime franquista, é com as estritas normas do regime
franquista, é com esse espírito que expõe as suas primeiras telas e realiza o
seu primeiro mural, animado pelo conceito do abstracto que, na época se expande
através do Grupo Espacio de que faz parte.
Com o sentimento estético concilia
uma poderosa força vitalizadora para a poesia, buscando nos elementos telúrico
e humano, os estímulos para o seu caleidoscópio interior.
A paixão pela natureza é nele uma
qualidade intrínseca. Investigador infatigável dos fundos oceânicos e das
grutas dos vulcões, embrenha-se nos seus mistérios, perseguindo os segredos
longínquos, profundos, impenetráveis dos ecos e apelos de outros mundos. Data
desse tempo, o seu interesse acentuado pela fauna e pela flora submarina, pelos
minerais pela paleontologia a que junta o prazer de um envolvimento absorvente
por outras ciências.
Viaja pela Península. Impregna-se
bem da sua ilha; Ela é o oásis onde pode desenvolver o potencial criativo que
há-de fazer dele um Artista-Humanista, um Humanista-Artista.
A agitação que ameaça fazer
deflagrar o Ocidente intensifica em si um sentido de penetrante acuidade,
temperada em sonhos de esperança e desencadeada em verdadeira angústia social.
Em 1967, instala-se em Madrid para
trabalhar como técnico num Departamento de Engenharia de uma Multinacional,
situação que lhe não é de forma alguma confortável nem aliciante.
Incrementa, no entanto, intensa
actividade literário e realiza as suas primeiras esculturas em ferro, de
grandes dimensões.
Pertence ao Comité Directivo dos
Amigos da Unesco. Mais tarde, a Televisão Espanhola revelaria dele uma outra
faceta, a de desenhador humorístico.
Dotado de uma índole sensível,
extraordinariamente receptiva e poderosamente irrequieta e insatisfeita, ao
mesmo tempo que procura as grandes profundidades, as montanhas silenciosas, a
solidão dos horizontes, identifica-se com os problemas do seu tempo e toma
parte nos movimentos que visam a paz e unidade mundiais.
Esta atitude, como é de prever,
incomoda o regime de Franco, que o persegue e põe em risco a sua vida e a
segurança da família.
Depois de uma exposição de pintura
na Galeria Tosão de Oiro e de um emocionante recital de poesia, abandona
Espanha.
Asilado político pelo Bureau da ONU
para os refugiados políticos, Francisco Lezcano transpõe a fronteira belga e
entra em contacto com um clima fértil de experiências culturais em todos os
campos, que lhe permitem ampliar as suas múltiplas capacidades latentes e
orientar a sua criatividade na escalada para o imaginário.
Do desenho simbólico-surrealista,
da pintura expressionista-simbólica, abre clareira ao subjectivismo, um subjectivismo
muito especial onde o traço audaz impõe a trajectória do enigma humano e a cor
é um simultâneo de intervenção e renascimento dos valores e direitos
individuais.
Organiza conferências, recitais,
participa em debates, colóquios, defende a não-violência, luta pelos oprimidos,
fiel ao lema: «construir o Amor, não à guerra».
Em Inglaterra vamos descobri-lo ao
lado de Seam Mac Bride, Prémio Nobel da Paz e, na Bélgica, com outro Nobel,
Adolfo Pérez Esquivel. Na ONU, numa conferência para o Desarmamento. E uma
reunião do Parlamento Europeu, elaborando um estatuto a favor dos refractários
ao Serviço Militar, os Objectores de Consciência, em Bruxelas.
Da poesia intimista e de ordem
sociológica envereda pela prosa fantasista, característica de uma juventude
ardente e insubmissa, e ingressa pelos caminhos da ciência-ficção e especulação
científica. Atraem-no os variados ramos do saber: Física, Química, Alquimia,
Metafísica.
A cumplicidade da matéria aliada è
energia do espírito.
Chamam-lhe «colosso», o «homem das mil
almas», «monstro sagrado da pintura espanhola», «emissário de Neptuno». O poeta
belga Marc Klugkist acrescenta à lista: «nómada do sonho».
Não é exagero metafórico. Neste
Artista, pintar e actuar ligam-se de forma indestructível, não propriamente
pelo estimulante cultural que se difunde por toda a Europa mas devido ao seu
próprio caracter e sensibilidade que o introduzem a expor tanto no Palácio das
Nações Unidas como em pleno campo para os rurais e para o proletariado.
Viajante infatigável, os seus quadros
percorrem as Canárias, França, Espanha, Suíça, Itália, Alemanha, Bélgica,
Holanda, Inglaterra. São apreciados não só nas grandes capitais europeias, como
nos povoados, aldeias, descampados e em terreno ocupado por ecologista em
Alsácia. Os seus desenhos continuam a preencher revista especializadas desde a
Rússia ao Japão.
Em 1987, Francisco Lezcano tem
ensejo de visitar Portugal. O seu interesse pelas pessoas e pelos locais,
especialmente pelas zonas ribeirinhas, leva-o a registar no seu programa Video-Memoria-Cultural,
uma extensa reportagem, exemplo que persegue em outros países. «Havana-96.
Recordações de um Turista Heterodoxo» é o título que domina o certame de fotos
sobre Cuba «Período Especial», realizado em finais de 1997.
Actualmente em França, onde reside,
envolto pelo fascínio mágico dos cátaros e da sua história medieval, Francisco
Lezcano pinta e escreve sem cessar. Solicitado por entidades culturais de todo
o mundo, são suas próximas metas Jordânia e Cabo Verde.
Entretanto, está entre nós.
Para aqueles, para quem viver
representa uma Arte, não termino sem registar um excerto do pensamento desta
extraordinária figura tão multifacetada como carismática:
«Aprendamos a caminhar sobre as
águas e a atravessar as chamas» - «passar incólume sobre o fio de uma navalha
como o caracol» - «comtemplar impávido um terramoto» - afirmações de um Artista
que «não acredita na morte» e que não se coibiu de proclamar:
«Assim que os homens aprendam a
amar-se uns aos outros, terão construído o seu primeiro dia de luz».
Aurora Tondela – Portugal 1998
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